“Uma das alegrias da amizade é saber em quem confiar”, Alessandro Manzoni
As histórias de inspiração abaixo são reflexos de amizades que, direta ou indiretamente, transformaram a vida de alguns procuradores. Ela já era independente e exercia a função de diretora do Departamento Judiciário Auxiliar (Dejaux), do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), mas que semanalmente recebia a visita profissional da, então procuradora do Estado, Elide Rigon, devido aos registros de processos, entrada de cartório e outras atividades que o setor no qual atuava executava.
Essas visitas e todos os trabalhos que eram levados ao Dejaux e a própria procuradora Elide, hoje aposentada, sem saber, inspirou há 27 anos a atual procuradora do Estado Arlethe Maria de Souza a escolher esta profissão. “Desde a faculdade eu já sabia sobre a PGE, sobre como eram realizadas as audiências, estágio…mas conviver, mesmo que parcialmente, com a doutora Elide Rigon me motivou a decidir esta carreira do Direito. Era uma amizade profissional, mas fez toda a diferença na minha vida”, revela.
Para Arlethe, que começou sua carreira no interior do Mato Grosso do Sul, no município de Dourados, tudo nestas quase três décadas valeu a pena. “Gosto do que faço. Tenho prazer em trabalhar, tenho certeza que esta é minha vocação”, afirma.
A amizade também teve um papel fundamental para a vida do procurador do Estado Jucelino Oliveira da Rocha. “Na época do concurso, minha amiga Edileuza Ferreira Gonçalves me ligou e disse que ela iria fazer e eu também. Fiz uma procuração e ela que cuidou de tudo para mim. Eu jamais tinha a intenção de me tornar procurador. No final de todo processo, eu passei e ela, infelizmente, não”, lembra emocionado.
O procurador ainda conta que morava em São Paulo porque havia passado em um concurso de âmbito federal, mas largou tudo para voltar a Mato Grosso do Sul. “Em 1998 já achava a cidade violenta e ao surgir a oportunidade, não pensei duas vezes”. Ele já atuou nos municípios de Ponta Porã, Dourados e atualmente realiza seus trabalhos em Coxim. “Eu sou de Coxim, meus pais são daqui, então, para mim, tudo que tenho e que construí não deixa de ser resultado e inspiração de uma amizade que mantenho até hoje”, afirma.
Ele faz questão de dizer que: “sempre sonhei em advogar, mas sempre foquei em concurso porque sou de uma família humilde e não tinha dinheiro para ter ou trabalhar em um escritório onde a renda oscila muito. Precisava de uma renda fixa e com a carreira de procurador consegui a estabilidade que procurava e ainda tenho a possibilidade de advogar pelo e para o poder público e isso é muito gratificante”, finaliza.
E quando a amizade se transforma em amor? “Minha musa inspiradora para me tornar procurador foi e é minha esposa Calliandra. Na época em que passei no concurso eu queria dinheiro para me casar com ela e como minha vida é feita de uma coincidência de acidentes, que me trouxeram até aqui, hoje sou procurador de Estado”, conta com a voz apaixonada Adriano Aparecido Arrias de Lima.
O procurador diz que não teve nenhuma influência da família e quando adolescente jogava muito RPG e era o Mestre do Jogo (responsável por conduzir o jogo, narrando as situações que acontecem com os personagens de outros jogadores) este fato também foi importante para a escolha do curso de Direito. “Eu sempre gostei de advogar e escolhi prestar concurso para a PGE porque das carreiras do sistema de justiça [magistrado, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública], foi a que mais eu me adequava por gostar de advogar, defender uma das partes, de certa forma ser parcial. Além disso, o exercício da advocacia pública é desafiante”, afirma.
Antes de passar no concurso Adriano advogou por três anos, mas desde 2008 sua rotina é a advocacia pública. “Não queria ser juiz, promotor… decidi pela advocacia pública por ser um constante desafio e é muito gratificante. É recompensador quando você vê que seu trabalho tem importância, que faz a diferença ao defender interesses da coletividade”, pontua.
Antes de concluir ele também acrescenta que “o procurador tem a atribuição constitucional de viabilizar a concretização dos anseios democraticamente legitimados à coletividade, o que demonstra a grandiosidade de nosso trabalho”, afirma.
Assim Adriano faz o que gosta e ainda conseguiu o dinheiro para casar. Continua um homem apaixonado pela família e feliz pessoal e profissionalmente. Como diria Antoine de Saint-Exupéry “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”…
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Foto capa: PxHere
Arte: Guido Brey