Campo Grande (MS) – Trabalhar há mais de 30 anos em um mesmo local é um desafio para poucos. Essa situação pode ser conferida na Procuradoria-Geral do Estado (PGE). Do quadro de carreira de procuradores do Estado que começou em 1988, seis profissionais passaram no primeiro concurso público e, deste total, três continuam atuando: Judith Amaral Lageano, Rafael Coldibelli Francisco e Sarah Filgueiras Monte Alegre de Andrade Silva.
Para Judith Lageano, ser procuradora foi uma escolha não só profissional, mas de vida. “Foi uma escolha em investir em uma carreira incipiente. E, passadas mais de três décadas, é gratificante saber que cresci não só profissional, mas pessoalmente também. Acompanhar o desenvolvimento da instituição é um valor inestimável e gratificante. Eu e meus colegas de concurso recebemos e acolhemos todos os outros que nesse tempo passaram para a função de procurador do Estado”.
Ela lembra que fazer parte da história, tanto da carreira quanto da instituição, é algo inexplicável. “Na época, as pessoas nem sabiam qual era a função de um procurador. Posso resumir em uma palavra minha trajetória: evolução – tanto estruturalmente, passando por todos os períodos da era analógica para a digital – e pessoalmente, podendo ter realizado muitos sonhos e ter crescido literalmente com a profissão. Passei no concurso muito novinha e cheia de expectativas”.
De acordo com Rafael Coldibelli Francisco, o que faz acordá-lo todos os dias é a paixão pelo trabalho que exerce. “Posso dizer que foi a melhor opção que fiz dentro do mundo jurídico. É a que mais atende meus anseios. Saber que junto com meus colegas conseguimos construir algo grandioso é recompensador. Passamos pela época da máquina elétrica, depois a eletrônica, a chegada dos computadores com os primeiros sistemas instalados até a atual realidade. São muitas histórias”.
O procurador lembra que, pouco tempo após a posse, eles fundaram a Associação do Procuradores do Estado de Mato Grosso do Sul (Aprems) – que continua ativa – e o desejo de permanecer atuando é o mesmo do início da carreira. “Minha paixão pelo que faço continua a mesma. É ela que me motiva a querer fazer mais. Quando pego, por exemplo, um processo que acredito não ser a resposta mais adequada, procuro exercer minha função ainda melhor e colocar a contraposição que acredito ser a mais apropriada”.
Os outros três procuradores do primeiro concurso são: Elide Rigon e Neusa Miranda e Silva, já aposentadas, e o procurador Candemar Cecílio Fechner Victório (in memorian).
Contemporâneos
Em 2017, foi realizado o último concurso do estado de Mato Grosso do Sul para a função de procurador. Neste seleto grupo que iniciou a carreira estão: Jordana Pereira Lopes Goulart, Marcela Gaspar Pedrazzoli, Mariana Andrade Vieira, Pedro Henrique da Silva Mello e Vitor André de Matos Rocha Martinez Vila.
Pedro Henrique afirma que, a princípio, a carreira surgiu devido à afinidade das matérias, mas após passar no concurso confirmou o que já previa: o quanto a função que exerce interfere no andamento da gestão pública. “Eu era procurador do município de Miracema [Rio de Janeiro] e já tinha ideia da importância da função para o correto funcionamento da administração pública. O quanto uma orientação técnico-jurídica pode afetar um grupo de cidadãos ou a sociedade como um todo, inclusive, no que se refere às ações de políticas públicas; mas quando a gente atua no Estado, as dimensões são outras, mais complexas”.
Ele acrescenta que é gratificante poder contribuir servindo a sociedade. “Já trabalhei na área do Consultivo e, agora, atuo na do Contencioso, mas ambas as atuações são relevantes porque convergem em um só objetivo: que o Estado atenda a população da melhor maneira.
Independente de exercer a função há décadas ou há pouco tempo, os 86 procuradores que atualmente trabalham em Mato Grosso do Sul tem o afinco de promover um Estado mais democrático e equânime.
Fotos: Divulgação e Arquivo Aprems